sexta-feira, 6 de julho de 2007

Madè

Acordei com um humor péssimo. É o terceiro dia em que estou atacada do transtorno bipolar. Não estou eufórica e nem depressiva. Estou ansiosa. Uma vontade de sair atirando em td mundo na rua. Típico dia de Fúria.

Sem paciência para pessoas mal-educadas, sonolenta demais e aborrecida. Sim, estou tomando os remédios certinho. Ontem, por exemplo, tomei minuciosamente como o médico havia me recomendado (coisa que fiz pela primeira vez desde q ele mandou iniciar o tratamento com medicação nova, leia-se Março/2007). Depois do jantar, às sete, ingeri as droginhas lícitas e quando eram nove da noite estava eu babando no colo do meu namorado. Despertei hj, às oito da manhã, tão mal-humorada como se eu tivesse dormido às uma da manhã. Vai entender.

Tudo o que eu queria era que um meteoro caísse em Campo Grande, mas nada. Nem um sinal de poeira cósmica, só essa umidade do ar tri baixa horrorosa por sinal de fazer qualquer nariz sangrar. Saquei o jornal Correio do Estado que estava ao lado da poltrona da sala e pulei direto para o caderno B apesar de cultura naum ser uma coisa mto forte por essas cercanias.

Como sempre, Rafael Maldonado, curador do MIS (Museu da Imagem e do Som), tratou de atualizar –se e trouxe a Profª Dr.ª Maria Adélia Menegazzo para uma palestra sobre Arte Contemporânea. A professora foi à última Bienal de Veneza e Documenta de Kassel. Uma coisa é vc ler na revista Bravo! e se interar com as críticas acerca do tema ou até mesmo notícias. Se vc gosta de arte, acaba se satisfazendo com o que lhe é transmitido pela mídia. Outra coisa é vc conversar com quem foi e pode viver atmosfera do lugar e se impressionar com cada expressão de arte e relatar minuciosidades dispensadas pelos jornalistas.

Maria Adélia Menegazzo salvou meu dia e minha noite. Após nove anos nos bancos acadêmicos ficar em casa durante à noite tornou-se um martírio. Ligar a televisão nem pensar. Leio um livro ou uma revista. Saio para passear com a Baby. Repito: Não há mtas opções de cultura por aki. De repente, saber que alguém pode sair do meio do mato para ir à Veneza se embriagar de arte, me deu um sopro de esperança.

Emocionei-me tanto que me transportei mediante todas as fotos ilustradas. Visitei as salas pelas quais Menegazzo passou. Chorei quando ela narrou a história da artista francesa Sophie Calle. A “queridinha” dos franceses, recebeu duas ligações em 2006, uma convidando-a para participar da exposição e outra ligação, vinda do hospital em que sua mãe estava internada, informando-a q a mesma contava com apenas um mês de vida. Calle abre a exposição contando essa história e termina dizendo que sua mãe havia falado que não estaria lá para vê-la e Calle disse: - Ela está aqui. Não precisei ir até Veneza para me debulhar em lágrimas e sentir toda a emoção de uma mesma pessoa que viajou horas para se encontrar com esse mesmo arrepio na espinha.

Voltei para minha casa satisfeita como há dias naum me encontrava. Animada, como há semanas não me sentia e talvez, um pouco melhor. A droga que eu precisava não era as bolinhas que tomo todos os dias para dormir. A minha ansiedade, ou o que eu pedia, era uma remédio para a alma, uma pílula para o meu espírito.
Merci, Madè.

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha alma está cansada, caduca e pensativa...
Aaah preciso desse remédio também!
=]

Sinta meu abraço!! \o/

Anônimo disse...

Oi amiga lindo seus textos..o mundo esta cheio de tedio memso..beijãooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo