domingo, 18 de maio de 2008

"A Maldição do Enxoval"



Era uma vez uma guria q nasceu no berço de uma família tradicional, mas tão tradicional q seu nome adveio de uma promessa feita por sua mãe à uma santa, na esperança de ter uma filha. Por isso a batizou de Laura.
Uma família à moda antiga. Pai, mãe, irmã, cachorro, casa, carro e avós que moravam à uma quadra da casa da neta caçula. Uma mãe que seguia a cartilha da vida à risca. Filha-Mulher tratada como boneca q vivia como princesa com direito à castelo e sua própria Masmorra.

Mas o sonho dessa mãe era ver sua filha de porcelana casar-se. Como sua pressa era imperiosa, tratou de organizar o futuro de sua herdeira, antes mesmo que ela quisesse. Logo, a mãe tratou de dar o primeiro passo. Não, não a prometeu a nenhum príncipe, mas começou o enxoval de sua filha. Um pano de prato aki, um crochè acolá. Aos 12 anos a filhinha já tinha o seu "kit-amélia" pronto. Detalhe: Sua menarca não havia chegado.
Enquanto isso a filha deixava para depois essas fases da vida. Sonhava salvar o mundo e outras cositas más. Foi retalhando os sonhos de sua mãe e o pobre (ou seria poDre) enxoval ficava lá. Nas portas suspensas do guarda-roupa na esperança de um dia servir sua ama. As peças amarelavam-se, mas a matriarca substituí-as, pois um dia, sua filha precisaria de uma toalha ou um pano de prato.

Até que um dia, triste e desolada, a filha já velha, tão velha quanto o caminho de mesa de seu enxoval, se perguntava pq não era feliz no amor, pq não lhe estava reservado um príncipe ou um sapo que o valha. Tão breve caiu em si, compreendeu que a culpa era do amaldiçoado enxoval que a acompanhara desde a infância. E num ato de coragem, no dia de Santo Antônio, ateou fogo em td o q compunha seu primeiro dote. Eram panos de pratos pintados à mão, edredons, lençóis que ser tornaram uma grande tocha que iluminavam o quarto de Laura, exorcizando toda a sua revés.
A matriarca ensandecida tentou em vão apagar as chamas, era tarde demais. Td seu trabalho de uma vida se transformou em brasa. Td sonho dourado derreteu. E Laura se libertou de um sonho que não pedira e de um amor que nunca viera, pq o verdadeiro amor não nasce de panos.