sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Tenta, e se não der, Tenta de novo

Quantas vezes a gente precisa tentar pra ser feliz?

Todas possíveis. Se eu pudesse apostaria todas minhas fichas, limparia meus bolsos, rasparia as economias se preciso fosse. A gente quer ser feliz. Não importa. Nem q tenhamos q sangrar, nem q tenhamos q nos sacrificar. A gente se joga.

Minha amiga Simone se casou pela segunda vez nesse ultimo sábado. Grandes coisas vcs diriam. Mas não é tão simples assim. Simone é uma daquelas q qdo éramos gurias lá o ensino médio ela já tinha um plano. Enquanto a gente vivia fazendo simulado para saber qtos pontos tínhamos feitos e calculando a estratégia para passarmos no vestibular logo de cara, com os nossos 17 anos ela já tinha um projeto de vida.

- Estudarei Fisioterapia, me formarei, casarei e terei filhos.

Tudo objetivo, curto e reto. E foi feito até a parte do “casarei”.  Com muito orgulho fui madrinha e pude testemunhar o sonho da minha grande amiga. Infelizmente por outros motivos, o casamento não foi até “o felizes para sempre”.

Qdo Simone me contou, eu acho que surtei mais do q ela. Como reza o protocolo ela nos procurou, justificou e acrescentou que ia anular o casamento na Igreja, e eu só consegui dizer: “Amiga, estamos juntas! Se tivermos q entrar contigo e seremos madrinhas, seremos quantas vezes forem necessárias”.

Alguns namoros aqui, paqueras lá e minha amiga conseguiu. Eu simplesmente acho incrível essa sede de ser feliz. Não é medo de ficar sozinha ou não ser aceita socialmente. Ela tinha um sonho, ela tem um propósito nessa vida. Tem gente que vira médico sem fronteiras, tem outros que dedicam a vida a Deus, tem aqueles que enquanto não dão à volta ao mundo não se sentirão completos. Ao menos essas pessoas sabem o que suas almas requerem e não sossegam até serem felizes.

Ontem eu vi, não era como reprisar um filme. Ela fez como a tradição requere. Marcha nupcial, vestido branco, valsa, benção, padrinhos, madrinhas, família, DJ, bolo e doces. Só que agora é pra valer. E dessa vez ela vai ser feliz, nem que seja à força, nem que seja na bala.

Dona Infelicidade, vc perdeu, baby. 

sábado, 17 de janeiro de 2015

Somos todos Camila

Para ler ouvindo Chico Buarque

Hj encontrei com um amigo: o Marcos. Ele estava todo empolgadinho com uma namoradinha nova e postando fotinhas no facebook. Tudo assim, muito fofinho virtualmente falando. Perguntei da moça e ele me contou q tinha acabado. Como assim, Bial?

- Ah, Nandra... e ela está mal. Eu não esperava a reação dela.
- Mas qual foi a reação da moça, cara-pálida? Te xingou? Quebrou tudo?
- Não... pelo contrário. Ela simplesmente aceitou. Não fez escândalo. Nada.

Pensei comigo: Uma lady essa menina. Acaba de ganhar dez pontos na cartela. Ainda brinquei com ele... não se engane... às vezes está quieta, mas pôs seu nome na boca do sapo. Concordo que é coisa rara. Mulher é passional. Mulher quebra tudo, bota veneno na comida do cara, mete chifre com o melhor amigo, mas uma coisa confesso... não há nada mais perigoso do que uma mulher calada.

Piadas a parte, falei pra ele q isso não me choca. De verdade. Não vou mentir que dá vontade de pixar o muro da casa do cara, de vazar os pneus, de jogar indiretas no facebook, mas depois que passa esse primeiro estágio de ira, a verdade é que a gente quer é um colo de amigo ou nossa casa e chorar chorar chorar até secar tudo.

Eu compreendo essa moça porque vamos combinar: na era digital ninguém morre de amor. O máximo que fazemos é deletar ou bloquear o ser humano que quebrou nosso coração ou “quem destruiu a nossa vida”, como diz o pensador Pablo do Arrocha. Quem extrapola vira notícia de Cidade Alerta ou farofa Yoki. Veja bem, meu bem, nem todo mundo vale tudo isso.

Por favor, não confunda tudo isso com a anuência dessa moça. Tenho certeza que por ela, nessa noite de chuva, ela amaria estar dormindo de conchinha com meu amigo, fazendo planos, tomando um vinho e zapeando a TV a cabo. Mas não, ela concordou com sua ausência requerida. E o mais importante: ela respeitou a decisão dele. É a vida que segue. Vamos mancando, chorando, sangrando, mas seguindo. Isso sim é a Mulher Maravilha.

Compartilho sua dor. A minha última, poucos sabem. Quantas vezes fui trabalhar com o coração ardendo de tanto que foi esfolado no asfalto e meu chefe nunca soube. Minha mãe nem sonha, quiçá, imagina, que engoli muitas vezes meu choro, me fazendo de forte. Quando tudo q eu queria era pegar o primeiro vôo, trem, ônibus, carona pra qualquer lugar que me fizesse esquecer tanto desgosto. Quantas vezes fui chorar no banheiro, entre um intervalo e outro, porque era uma saudade tão doída, que eu não sabia explicar. E até hoje não sei.

Não tenho sentimento de pena e nem compaixão. Tenho solidariedade. É minha amiga, dói, mas passa. Dói, mas a gente vai trabalhar. Dói, mas os amigos ligam e te chamam pra tomar uma. Dói, e a gasolina sobe. Dói, e precisamos pegar um pão no mercado porque não tem nada em casa pra comer.

Em um mundo de pés na bunda e namoros que não engatam somos todos Camila.