sexta-feira, 19 de outubro de 2007


As pessoas uma hora surtam, se cansam dessa vida medíocre. Uma hora vc acorda com um humor desgraçado e não sustenta dentro de si a idéia de atravessar a cidade para se fazer algo que não te dá mais tesão. Um momento a sinceridade chega. Tu vira e diz: EU NÃO GOSTO DE COMÉDIA ROMÂNTICA. E sente um alívio correr pela tua espinha e tua gastrite agradece um dia sem dor.


Vc não se revela, apenas para de ser o que queria q vc fosse. É isso. Decide que quem deve ser feliz em primeiro lugar é vc e não o vizinho, a mãe ou o homem que vc pensa q eu é o homem da tua vida. Aos poucos vc descobre que lucro não é rendimento na Bolsa de Valores, mas sim descobrir sozinha sua fórmula de felicidade sem recorrer a remedinhos, cartomante ou sessão de terapia.

domingo, 7 de outubro de 2007

Todos estão indo embora...


Todos foram embora. Cada um foi procurar seu rumo e encontrar com seu futuro. Todos diferentes mas de semelhante decisão. Por aqui não dá mais para ficar. Isa foi a primeira, se mudou para SP. Em seguida, Malu. Ela pegou sua gata Molly e se mudaram para Sampa. Já Rafael não suportou mais Sampa. Enquanto as gurias correm pra SP, Rafa correu de SP. Foi para Argentina no maior clima "aqui não dá mais".

Mari largou tudo por aqui e foi morar com seu namorado na Finlândia. Entre morar no cú do Judas e no buraco de Big Field, ela não pensou duas vezes. Silvinho trancou a faculdade e voltou pro Japão. Um ano de trabalho lá, economicamente falando, equivale a dez anos de trabalho na roça brasileira.

Larri se foi para o Canadá. Sonha com isso desde os tempos da faculdade. Agora
Big Field é tão distante para ele do que a Varsóvia é para mim. E as pessoas continuam indo embora, para cá não existe uma luz de esperança, só fio do desespero. Medo de virar vaca de presépio. Literalmente. Vc olha pela janela e vê a falsa sensação de que um dia isso aqui terá futuro, mas o futuro já chegou e vc ainda está patinando no mesmo lugar.

Patita pediu exoneração do cargo. Foi embora pra Curitiba. Antes o frio do Sul do que
o inferno do centro. Marquinho foi pra Portugal. Antes ser mão de obra estrangeira do que um assalariado brasileiro. Tem-se tão pouca opção e expectativas quase nulas de ser alguém por essas bandas. Quanto mais se paga imposto, menos se vê os resultados. Vc não tem um transporte digno, sua segurança é violada e a cada dia que passa, mais os ricos se promovem diante da tua miséria.

Minha vizinha mudou-se para a Espanha. Sem condições de trabalhar na sua área de formação em menosde uma semana conseguiu o que muitos brasileiros por aqui se estapeiam. Um emprego. Lógico, do outro lado do mundo. Mas conseguiu.

E todos estão indo embora. Agora só falta essa persona que vos escreve porque para mim não restará muita coisa por aqui a não ser os tucanos e jacarés. Adeus, vou embora pra Parságada.

sábado, 6 de outubro de 2007


Sábado é dia de francês. Acordar cedo para fazer biquinho ou fazer biquinho por acordar cedo. Se pela manhã mal tenho coordenação motora para alinhar a pasta de dente na escova, quem dirá para falar uma língua que se leva quatro anos para aprender. Porém, como a vontade é superior a adversidade, lá vou eu aprender a falar " eu gosto de formage", mesmo não gostando coisa alguma.


Minha aula, a priori, é na sala dos infernos, aonde para o ar condicionado ser ligado temos que enfrentar o corredor da morte. Subir as escadas e pedir gentilmente que a coordenação se lembre que a gente existe. O que compensa ficar naquela sala é a vista que se tem de Big Field. Vê-se os prédios e vê-se o verde. A professora canta "Ne me quitte Pas" e me lanço distante daqui, tão longe que vejo a Torre Eiffel ali, próximo à avenida que corta a cidade. Só volto a essa minha realidade quando a professora me pergunta:


- Nandra, Ameiz vous habitez Campo Grande?


Prontamente respondo:


- Non, Je n'aime pas habite Campo Grande...


São 11:50 e assim como finda minha aula, termina minha viagem a cidade da Luz. Au Revoir!