terça-feira, 24 de julho de 2007

Chegadas e Partidas



*Para ler ouvindo Maria Rita - Encontros e Despedidas


Agora é melhor eu subir, eu ir, pegar esse trem e ir embora porque o relógio diz que essa não é a nossa hora de dizer: - Volta!

Faz muito tempo, eu sei. Se fosse Presente seria o que? Uns oito anos? Sim, eu realmente tenho que ir, faltam vinte minutos para minha aula de Francês e já faltei demais. É verdade, tomei coragem, agora falo Francês, No, je ne regret rien... não, nada demais. E vc? Que barba é essa? Virou stanilista? brincadeira...tu tinha cara de guri da última vez que nos vimos. Era calça jeans e tênis e agora te vejo de sapato e terno. É tão estranho. Pois é, ainda escuto Cazuza e você passou da fase rock'n'roll? Ok, vou-me. Hey, espere! E essa aliança no seu dedo? Desde quando? Ah sim! Compreendo. Fico feliz! Não, não. Estou legal. Já faz 4 anos que estamos juntos, morando e tudo mais... não, ele não ouve Johnny Clash e nem usa xadrez. Ah... compreendo. Ela odeio sushi e não toma café.

Tudo bem, mas eu preciso ir - Eu falei. E ele disse: Que foi bom me ver e eu menti de volta: - Foi mesmo! Mas eu precisava voltar porque a realidade me espera no sofá de casa e saltei no primeiro vagão mesmo não sendo o meu e eu só queria partir da sua vida. De novo.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Panda na área!


Reunião de Pauta e Parceiras via MSN. Ovelha, Girafa e Panda - Ana Laura, Maria Luíza e Nandra Laura - respectivamente e virtualmente - chate(i)am-se. Como sempre, Ana descobre sites bacanas. Não sei da onde ela consegue coisas tão legais. Ana deveria trabalhar na Mtv como indicadora pro Ya Dog! Mtv vcs estão perdendo essa guria!!!! Volvendo... Ana reuniu o Zoo na net e descobriu q sim, podemos adotar não esses bichins esquisitos virtuais, mas nossos próprios!!! Foi a realização da trupe! Meus olhos encheram de lágrimas quando descobri que o meu panda pode comer Bambu!!! Morram de inveja! Para conseguir tal proeza é só clicar no "more" e arrastar o Bambu para mim eheheh desde já agradeço.
Por hoy es solo!


sábado, 7 de julho de 2007

O Dia em que Descobri que tinha uma prima EMO..


Adolescente vive de fases e cada um busca um grupo com o qual se identifica mais para interagir. Na minha época, os grupos eram restritos. Existiam as “Patricinhas”, os “Baileiros” e os “Nerds”. As “Pattys” usavam roupas de marca, viviam arrumadas e iam a boates. Os “Baileiros” eram aqueles que ouviam música sertaneja e faziam questão de andar no estilo country; já os “Nerds” eram os excluídos e os esquisitos da turma. Hoje em dia, ser “Nerd” é ser inteligente. Eu cresci e muitos adolescentes tiveram novas fases: metal, skatista e por aí vai... a última do momento é ser EMO.

EMO é denominação de jovem “sensível’, ou seja, aquele que não reprime suas EMOções. São meninos que choram no meio do shopping porque de repente bateu uma tristeza. E suas amigas EMOS o consolam enquanto os meninos que não são EMOS assistem a tudo indignados com tanta “sensibilidade” à flor da pele



EMOS pintam os olhos de lápis preto, ouvem as músicas de bandas como Simple Plan, usam roupa preta e uma franja gigante que lhe cobre um dos olhos e pasme! Os meninos formam uma “rodinha” para beijar uns aos outros e acreditam que estão experimentando e não exercitando um comportamento homossexual. O mesmo vale para as meninas.

E no meio desse caos descobri que tenho uma prima EMO. Fiquei assustada, porém como toda jornalista que se preze fui apurar os fatos. Sim, ela ouve Simple Plan. Sim, ela usa roupa preta e sim, seus amigos ficam com meninos. Oh-Oh. Questionei à ela, uma guria de 13 anos de idade:

- Vc acha normal um menino ficar hoje com uma guria e amanhã com um guri? Isso não te dá um nó na cabeça?
E o que ganho de resposta?
- Se todas as pessoas ficassem com pessoas do mesmo sexo, no mundo, não existiria preconceito sexual.

Tive um ataque epilético na cadeira. Então quer dizer que eu, Nandra Laura, heterossexual convicta, tenho que ficar com uma mulher para que o preconceito sexual não exista? Abandonei minha imparcialidade e tratei de abrir os linhos olhinhos nipônicos de minha prima:

- Se todos ficassem com as pessoas do mesmo sexo para que houvesse paz entre os gêneros, então não haveria várias religiões, mas uma só já que todas pregam a mesma coisa que é rezar para um só Deus. Vamus fazer o seguinte, daqui por diante ou todo mundo é católico, mulçumano, evangélico ou espírita. Nada de opções para ninguém!

Pronto! Dei um nó na cabeça da garotinha. A graça da vida não está em uniformizar, mas em respeitar as diferenças alheias. É aprender a tolerar e não brincar com o sentimento alheio porque uma hora os seus amiguinhos terão que se decidir se brincarão de boneca ou de carrinho[1], já que a adolescência não dura a vida inteira.
Esses dias debutei em minha primeira festa EMO. Foi o aniversário dessa prima e por mais EMO que seja, em primeiro lugar vem a família.
- Prima, abra o presente e veja se vc vai gostar.
- Não acredito! O DVD do Simple Plan!!!

[1] Brincar de boneca ou de carrinho: escolher ser hetero ou homo.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Madè

Acordei com um humor péssimo. É o terceiro dia em que estou atacada do transtorno bipolar. Não estou eufórica e nem depressiva. Estou ansiosa. Uma vontade de sair atirando em td mundo na rua. Típico dia de Fúria.

Sem paciência para pessoas mal-educadas, sonolenta demais e aborrecida. Sim, estou tomando os remédios certinho. Ontem, por exemplo, tomei minuciosamente como o médico havia me recomendado (coisa que fiz pela primeira vez desde q ele mandou iniciar o tratamento com medicação nova, leia-se Março/2007). Depois do jantar, às sete, ingeri as droginhas lícitas e quando eram nove da noite estava eu babando no colo do meu namorado. Despertei hj, às oito da manhã, tão mal-humorada como se eu tivesse dormido às uma da manhã. Vai entender.

Tudo o que eu queria era que um meteoro caísse em Campo Grande, mas nada. Nem um sinal de poeira cósmica, só essa umidade do ar tri baixa horrorosa por sinal de fazer qualquer nariz sangrar. Saquei o jornal Correio do Estado que estava ao lado da poltrona da sala e pulei direto para o caderno B apesar de cultura naum ser uma coisa mto forte por essas cercanias.

Como sempre, Rafael Maldonado, curador do MIS (Museu da Imagem e do Som), tratou de atualizar –se e trouxe a Profª Dr.ª Maria Adélia Menegazzo para uma palestra sobre Arte Contemporânea. A professora foi à última Bienal de Veneza e Documenta de Kassel. Uma coisa é vc ler na revista Bravo! e se interar com as críticas acerca do tema ou até mesmo notícias. Se vc gosta de arte, acaba se satisfazendo com o que lhe é transmitido pela mídia. Outra coisa é vc conversar com quem foi e pode viver atmosfera do lugar e se impressionar com cada expressão de arte e relatar minuciosidades dispensadas pelos jornalistas.

Maria Adélia Menegazzo salvou meu dia e minha noite. Após nove anos nos bancos acadêmicos ficar em casa durante à noite tornou-se um martírio. Ligar a televisão nem pensar. Leio um livro ou uma revista. Saio para passear com a Baby. Repito: Não há mtas opções de cultura por aki. De repente, saber que alguém pode sair do meio do mato para ir à Veneza se embriagar de arte, me deu um sopro de esperança.

Emocionei-me tanto que me transportei mediante todas as fotos ilustradas. Visitei as salas pelas quais Menegazzo passou. Chorei quando ela narrou a história da artista francesa Sophie Calle. A “queridinha” dos franceses, recebeu duas ligações em 2006, uma convidando-a para participar da exposição e outra ligação, vinda do hospital em que sua mãe estava internada, informando-a q a mesma contava com apenas um mês de vida. Calle abre a exposição contando essa história e termina dizendo que sua mãe havia falado que não estaria lá para vê-la e Calle disse: - Ela está aqui. Não precisei ir até Veneza para me debulhar em lágrimas e sentir toda a emoção de uma mesma pessoa que viajou horas para se encontrar com esse mesmo arrepio na espinha.

Voltei para minha casa satisfeita como há dias naum me encontrava. Animada, como há semanas não me sentia e talvez, um pouco melhor. A droga que eu precisava não era as bolinhas que tomo todos os dias para dormir. A minha ansiedade, ou o que eu pedia, era uma remédio para a alma, uma pílula para o meu espírito.
Merci, Madè.