quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sobre despedidas, tchaus e adeus...



Para ler ouvindo: 



Esse ano está sendo Hardcore. Uma montanha-russa. Para kd dor uma alegria e para cada sorriso um pranto. Altos e Baixos. Não é reclamação, é observação. Quando eu acho que td está pronto ou estagnado, a roda da fortuna gira sentido anti-horário e quando percebo não estou mais onde estou.

Infelizmente nesse ano tive um grande dissabor. Estávamos tds grávidos. Esperando o primeiro neto, primeiro sobrinho, primeiro filho da minha concunhada. A cada mês eu comprava um pacote de fraldas. Ela me mandava sms contando como eles acordavam. Contávamos os dias para ver a carinha do Murilo, que carinhosamente apelidei como Mumu, docinho de leite, como se diz no Rio Grande do Sul.

No nono mês de gestação o perdemos. O primeiro momento foi de um desespero sem fim. Acordamos chorando. Chorávamos em lembrar. Chorávamos por estar longe. A cada telefonema uma notícia, nunca boa. Acompanhávamos como quem acompanha novela. Foram dias de capítulos. Nós aqui, sem podermos fazer nada. A não ser orar e pedir.

Depois do desespero veio a pergunta: Por que? Podemos encontrar respostas em laudos médicos, em exames, em certidão de óbito, mas para nossa alma nada disso nos aquieta. A cicatriz se cura, mas a ferida no espírito é uma dor latente. O remédio engana o corpo, mas a saudade e a tristeza não nos permitem que sigamos.

A vida do Murilo durou 9 meses. Tempo exato para que ele mostrasse que sim, somos uma família. Alegramo-nos com sua vinda assim como permanecemos juntos na sua despedida. Esse ser, que nem tocou a Terra teve muitas missões em uma única existência. Mostrou o tumor que sua mãe carregava, provou que estávamos prontos para recebê-lo, mas especialmente o Mumu me fez sentir pela primeira vez parte dessa família. Isso jamais vou esquecer.

Às vezes dura-se ou duramos como se deve durar. Para alguns se dura anos, para outros meses. Dura-se como dura uma estação. Depende da semente que deixamos ou das folhas secas que produzimos. Quero ser flor na vida dos outros. Ser primavera, ser verão. Ser sol. E quando houver chuva ou frio que eu tenha sabedoria e paciência para encará-los.