segunda-feira, 8 de abril de 2013

Abriu o Abril



Escrever é despir-me. Como as artistas burlescas. Faço strip-tease da minha dor, das minhas intimidades. De tudo que eu tenho gigante dentro de mim e quero que tome forma no mundo.

Escrever é urgência. É minha necessidade. Falo, converso muito, mas nada supera o q escrevo. Ou no caso, digito.

Quando o que tenho não sai do meu íntimo, vai me corroendo e assim estou.

Minha vontade era de te escrever uma carta, passar de madrugada na tua casa e deixar na tua caixa de correios. Pensei nisso várias vezes, mas não é possível. É muito retro, muito démodé, muito eu.

Ver minha letra, redonda e ao mesmo tempo trêmula é como sentar na tua frente e olhar dentro dos teus olhos. É eu estar aí, na tua casa, na tua frente, nua em um cômodo de luz acesa. Dá-me pânico.

Escrever é me exorcizar.

Preciso, necessito arrancar a dor, você, as lembranças, meus sonhos, as esperanças e tuas promessas. Vc não imagina e talvez nem saberá que já chorei sentei na beira da cama com muitas saudades de vc. Abracei a mim mesma como forma de desespero, na tentativa de curar a dor.

Engoli regras, soluços, saudades tudo junto misturado de uma vez só. Enquanto na realidade eu queria ser passional, sair correndo ou gritar com vc no telefone e te dizer “Pelo Amor de Deus não saía da minha Vida”, mas vc já havia saído e eu demorei demais pra notar.

Chorei depois.

Choro agora.

Não sei se foi castigo, se foi afobação se foi burrice minha. Mas eu acreditei. Achei q havia chegado a minha hora. Tinha certeza que era agora e era você. Idiotice acreditar que eu estava dominando o destino, o tempo, a história das nossas vidas.

Se antes eu havia tomado uma voadora nas costas, agora eu tomei uma rasteira. Fiquei de canto, escanteio, no cantinho da disciplina.

Lembra que uma vez eu disse que se vc quisesse eu sumiria? Pra nunca mais? Eu sei fazer essa mágica. Faço chorando, sangrando, contra a minha vontade. Mas faço porque não sei ficar aonde não sou bem vinda. Sou corajosa até demais. Encaro tropa sem colete à prova de balas, dou cobertura, recolho feridos. Só não sei lutar aonde minhas balas não atingem.

Recolho-me. Sumo. Fico off line. Não te preocupes. Não pixarei o muro da tua casa, não te ligarei. Mas sentirei. Sentirei arder tudo o q sinto por ti, aqui.  Sozinha. Calada. Sem invadir tua rede social, farei à moda antiga. Ouvindo músicas, tomando porre e chorando no colo dos amigos. Porque quer eu queira ou não, não existe tecnologia que ainda nos cure da dor. 


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Don't dream it's over



Ninguém nos ensina a perder. No fundo ninguém está preparado para o não. Coisa louca achar que se pode ser forte 100% e 24h por dia. Sim, a vida bate e com muita força. A gente tenta enxergar o futuro, o saldo. Pensa que um dia vai rir disso tudo, mas esse dia demora pra chegar. Quando sua amiga perde, vc também tem prejuízo. Se ela sofre, vc chora junto porque não dá pra sorrir e nem ser feliz se a pessoa que acompanhou sua adolescência e sentou ao seu lado no colégio e na faculdade está arrasada.

Não dá pra ignorar nada disso. Vc a conhece. Vc sabe seus sonhos e planos. Vcs mataram aulas juntas, pegaram exame. Foram a tantas festas. Ela sabe de coisas que seus pais talvez nem sonham. Amiga é cúmplice. Não basta ser irmã, ela é testemunha. E vc sabe que quando ficarem velhinhas a memória de uma ajudará a outra. E seus filhos serão amigos e seus maridos também. E nada nesse mundo mudará isso.

Por hoje a minha amiga Marcela está em dor. Fisicamente eu não estou lá. Ela não ligou para me avisar. Entre nós não existem protocolos. Ela avisou apenas a Sônia e bastou para eu me despedaçasse. Chorei. Fiquei arrepiada. Perguntei para Deus porquê dela. Porquê com ela. Segunda vez. Segunda vez que perde um nenê. No comecinho da gestação. Um embrião de vida e de sonhos. Agora ou nunca. All in. Todas as fichas.

Eu só ouço: Ele sabe o que faz. Dizem que Deus é perfeito até na dor. Não envia nada que seja maior para carregarmos, mas às vezes eu penso que ele esquece que a nossa carroça está quebrada ou que não mandamos o nosso carro pra revisão. Dá aquele desespero no peito porque quando a gente sabe que é um projeto de vida, que não é brincadeira e nem aventura, por que permitir tanta dor? Por que dar e tirar?

Existe sabedoria nisso. Ele tem certeza que por mais dolorido que seja perder agora e por mais injusto possa parecer, certamente seria pior lá na frente. Com o quarto montado e com o nome escolhido. Seria muito mais dolorido passar os nove meses radiante para morrer por dentro por falta de força, falta de vida.

Eu acredito nas escolhas Dele. Como o pai que cuida de um filho. Toma sua mão para atravessar a rua porque sabe que a criança não aprendeu cuidar o semáforo, não olha para os dois lados, não pisa na faixa de pedestre. Pai que é pai segura a mão, leva consigo e ensina porque uma dia ele fará sozinho e se lembrará da lição ainda que fisicamente o pai não esteja ali.

O sonho ainda não acabou.
don't dream it's over

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Amores tortos

Amores tortos

Já são quase 3 meses de separação. Sobrevivi. O mundo deu muitas voltas. Saí do vale das lágrimas caí no rio do álcool e hj bem, hj nao sou mais a mesma. Mudei. A dor me fez outra pessoa. Transformou-me em uma mulher. Costurei-me com os instrumentos q tinha e fiquei com cicatrizes de guerra. Mesmo assim estou orgulhosa de mim.

Quando sua dor a aproxima das pessoas vc nota q de repente seu problema não é nada perto dos outros e que tem muita gente parecida contigo. Quem já passou pode dar o testemunho e vc decide o q fazer com essa informação. Eu reuni muitas historias, conselhos e experiências de pessoas queridas q de certa forma tentaram me confortar. Sou só agradecimentos.

E eu precisei disso tudo. Um término de relacionamento de 5 anos na casa dos 30  em nada se assemelha qdo vc está na adolescência ou na casa dos 20. A não ser o chororo, fossa e a marca do pé na Bunda ou da voadora nas costas, como foi o meu caso. Não rola vc sair e pegar o primeiro q lhe dá moral. É tudo tão estranho. 

Começa pelo teu guarda roupa q não precisa ser necessariamente de uma mulher casada, mãe de família, mas q também não é sexy, não é cult e tem roupas que cobrem seus ombros, pernas e decote. Depois vem a sensação de peixe fora d'água nos lugares. Vc se assusta com o preço da cerveja, vc se choca ao ver meninas q pegam 2 ou 3 enquanto vc não sabe nem quem tá tocando naquela noite. 

Se vc eh do tempo da paquera, então vc sofre. Não da pra competir com quem tá no mercado há mais tempo q vc.  Decidi me diverti. Do rock ao sertanejo. Arrocha que ela gosta. Permiti-me. Fiz amizades femininas. Descobri que sim, a vida continua e que sim, dá pra ser feliz sozinha. 

O mais importante: descobri que não se fica tanto tempo sozinha. Depois de viver, do meu jeito, essa experiência, a gente descobre que pode voltar a ser interessante aos olhos dos outros. E quando vc passa por uma barra dessas e sobrevive, isso t torna especial. T fortalece. T prepara para o próximo. 

Acho q darei conta de viver um novo amor se a vida me permitir. Desse novo amor não peço muito, mas me conhecendo como eu sei, calculo que será um grande desafio. Sempre é. Se não for uma superação pra mim parece q não tem graça. E amor tem q ter um quê de dramalhão. E os amores que chegam conforme nossa idade avança vem cada vez com a bagagem pesada. Ex marido, ex mulheres, filhos, contas, famílias etc. Um pacote com ônus e bônus. Um sonho de tentar ser feliz e acreditar q agora vai. 

Vou deixar o tempo correr. Vou amarrar a minha ansiedade. Vou dormir até tarde, deixar a louça acumular na pia e comer porcaria sem minha mãe saber. Morar sozinha t permite essas coisas. Deixarei os sapatos fora do lugar, toda maquiagem espalhada no banheiro e o roupeiro lotado. Sem marido, ninguém me manda. Estar sozinha, sim pq é um estado, deve ser um tempo bem aproveitado, curtido. Mas prometo que não quero me estender tanto tempo assim. Qdo eu enjoar ou estiver pronta, voltarei com tudo, casamento, aliança, filho e com sobrenome do marido. E assim viverei feliz para sempre. #amém.