terça-feira, 1 de julho de 2008

Eu quero ser Jardineiro


"A vida das gentes neste mundo, Senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e brinca. Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme reumatismos. Por fim, pisca pela última vez e morre.- E depois que morre? perguntou Visconde.- Depois que morre vira hipótese. É ou não é?"

Monteiro Lobato, em Memórias de Emilia.

Às vezes nossa missão aqui é simples. Viver. Ser ridículo. Se permitir ser palhaço. E correr. Não pela pressa, mas correr pq não existe amanhã pra td mundo. A gente tem medo de muita coisa e fica travando a vida q pede para ser usada. Às vezes a gente vem pra cá só pra contar história mesmo. Rascunhar capítulo. Sair em uma página. Não precisa ter um livro, uma árvore ou um filho. Talvez td isso seja uma grande bobagem. Demodê demais. Mta gente quer ser médico, advogado, funcionário público. Coisas dos tempos dos nossos pais. A gente deveria ser jardineiro. Sério. Não ria. Vir para plantar e colher. Rosas, orquídeas e sorrisos. Pq qdo um jardineiro suja suas mãos, as sujam para fazer o bem. Mas não, a gente se prende, gosta de ter corrente nos pés, algemas nos pulsos. Gosta de fila, de preencher formulário de pedir protocolo. A gente deveria olhar menos no relógio, beijar mais quando o semáforo fica vermelho. Deveríamos usar mais verde, alaranjado e amarelo. Pq a nossa verdadeira missão é ser menos chato e plantar, pq nossas sementes é q nos faz ser eternos.