Já é tarde, mas não muito tarde para escrever. Não adianta,
sou notívaga, morcega, coruja. Bicho da noite. Só me reconheço quando entra a
madrugada e todos os pensamentos e lembranças vem até a mim. Antes disso sou confusão,
tontura. Emaranhado, nós após nós. Nada de claro ou de concreto, eu não me
enxergo e me perco. Mas não, não, quando chega a noite.
Mas hj, agora, vou falar de saudades. Estou cheia, inundada
de saudades. Saudades de coisas, pessoas e bichos. Saudades. Saudades do
tamanho plus size. Saudades de gente que ainda dá tempo para ver, mas também de
gente que está muito longe ou muito ocupada.
Saudades eu também sinto de mim mesma. De quando eu era uma
pessoa com mais tempo para mim. Saudades de quando eu era mais impulsiva, mais
platônica, mais egoísta. Quando eu lia quando queria, dançava, cantava e
escrevia. Quando eu era mais Nanna. Quando eu não abandonava as letras porque
elas eram minhas melhores amigas.
Saudades de amigas. De gente que eu via todos os dias. Gente
de colégio, de faculdade, gente da vida. Gente interessante, que cabia na minha
história. O tempo passa e a gente se afasta e só depois se pergunta o porquê.
Saudades de cheiros de lugares, de sabores, de olhares. Saudades
que me deixa triste, realizada e chorona. Saudades da Cibele, da Letícia, da
Luluda, do Arnaldo e do Renato.
Saudades do frio do Paraná, dos dias em Minas Gerais, das
areias de Santa Catarina, do sol do Rio de Janeiro.
Saudades do café da faculdade, de trocar uma idéia com a Ana
Laura, de conversar com a Malu, de rir com o Purfa. Saudades de gente
inteligente como a Cláudia Zwarg, Beth Bilange, Iuri. Saudades da vida de
jornalista, de tv e de fotografia. De ler o novo e sentir o impacto.
Saudades das baladas rock’n’roll com a Isabela e Mariana. De
festas e shows furados, de filmes alugados e outros que eu penso que somente nós
vimos.
Saudades que assombram, que me lembra e me faz acreditar que
eu experimentei porque o meu maior medo era morrer sem ter vivido.
Dá vontade de pegar todas essas pessoas, esses momentos,
esses anos e abraçar, tudo de uma vez só e beijá-los um por um. Só para
agradecer. Só para dizer que eu fui feliz e que hoje, de fora e já adulta posso
dizer que foi tudo lindo.
Minha grande pergunta é: do que eu sentirei saudades daqui
uns dez anos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário